1.	HISTÓRICO DO ACIDENTE

     A aeronave decolou da Carolina com destino a  Florianópolis.  Após  atingir o  nível  de  cruzeiro 
(FL 080),  o  motor  direito  começou  a   falhar  com   acentuado  vazamento   de   óleo.  Os  pilotos
embandeiraram  a  hélice,  cortaram  o  motor  e decidiram   retornar  para  Carolina.  Como a aeronave
começou  a  perder altura  e  não teve condições de manter o  nível do vôo, mesmo  com  potência máxima
do outro motor, a tripulação alijou a carga, os tanques auxiliares  de combustível  e  os  pára-quedas. 
Estas  medidas  não  evitaram que a aeronave continuasse a perder  altura, o  que  obrigou os pilotos a
decidirem pousar numa pista que sobrevoavam no momento.
     Durante  a  aproximação  final  para  o  pouso, o   motor  esquerdo   também  começou a apresentar
falhas.   Na  tentativa  de alcançar a pista, o trem de pouso foi  baixado  muito  próximo ao tanque de
aterragem, não havendo o tempo necessário para o total travamento do sistema.   A aeronave  arrastou-se
em diagonal pela pista, indo parar próximo à sua lateral. 

2.	ELEMENTOS DE INVESTIGAÇÃO 

  2.1 Fator Humano
      O piloto estava com o Cartão de Saúde  válido, não havendo  influência dos aspectos  fisiológicos
      e psicológico no acidente.
  2.2 Fator Material e Manutenção
      Falha do motor direto, com intenso vazamento de  óleo  pela parte superior do  cilindro n° 9. Nos
      exames realizados pela manutenção foi constatada  a  presença de grande  quantidade  de  limalhas
      de aço e alumínio oriundas das partes internas  do  motor. Constatou-se também  que o sistema  de
      lubrificação   estava  inoperante,   devido   à  pane  da  bomba  de  óleo.    Os  motores  foram
      encaminhados ao PAMAER SBMT,  para   pesquisas.    Somente  após  os  resultados   das  pesquisas
      do  PAMAER  SBMT,  poderemos  chegar  a  conclusão   se  houve   contribuição  do fator  material 
      ou fator manutenção . 
  2.3 Fator Operacional
    2.3.1 Instrução
      O piloto  é  formado  pela Escola de  Aeronáutica, desde dezembro 1954, categoria militar.
      O  2° piloto é formado pela Academia da Força Aérea, desde dezembro 1974, categoria militar.
    2.3.2 Qualificação e Experiência de Vôo para o Tipo de  Missão Realizada
      Ambos os pilotos possuíam suficiente experiência de vôo  para realizar a missão.
		  
			(Totais................................................................9.777:40
			(Totais com 1P ou IN...................................................6.270:55
			(Totais nos últimos 30 dias...............................................44:10
    HORAS DE VÔO        (Totais nas últimas 24 horas..............................................04:20
    DO   1°   PILOTO    (Neste tipo de aeronave..................................................278:45
			(Neste tipo como 1P ou IN................................................186:35
			(Neste tipo nos últimos 30 dias...........................................44:10
			(Neste tipo nas últimas 24 horas .........................................04:20
		

			(Totais................................................................1.128:30
			(Totais com 1P ou IN.....................................................997:40
			(Totais nos últimos 30 dias...............................................17:10
    HORAS DE VÔO    	(Totais nas últimas 24 horas..............................................01:10
    DO   2°   PILOTO    (Neste tipo de aeronave..................................................284:20
			(Neste tipo como 1P ou IN................................................197:40
			(Neste tipo nos últimos 30 dias...........................................17:10
			(Neste tipo nas últimas 24 horas .........................................01:10

		
    2.3.3   Meteorologia
		As  condições meteorológicas  adversas  encontradas  na  rota, não  permitiram a. opção 
	    de amerissagem no Rio Tocantins.
    2.3.4   Infra-estrutura
 	        A pista  de Itacajá não é registrada  no  Ministério da Aeronáutica  e não é compatível
    com as características do S-16. As condições do piso e  a irregularidade  do  terreno  contribuíram
    para agravar os danos sofridos pela aeronave.
    2.3.5   Navegação
	      	Não influiu.
    2.3.6   Comunicação
                Não influiu
    2.3.7   Peso e Balanceamento
 		Não influiu
    2.3.8   Normas operacionais
		Nada a relatar
    2.3.9   Contra-Incêndio e Primeiros Socorros
		Inexistente e desnecessário
	
3.	ANÁLISE

	Nas  pesquisas  realizadas pela manutenção, foi encontrada  uma grande quantidade de limalha de
aço e alumínio, oriundas  as partes internas do motor. Há indícios de  que a deficiente lubrificação do
motor, devido a pane da bomba de óleo tenha provocado superaquecimento e  atrito nas partes internas do
motor,  dando  origem  às  limalhas  encontradas.   Os  motores foram  encaminhados ao PAMAER SBMT para
estudos mais detalhados.

	As  más  condições  de  visibilidade  não  deram  opções aos pilotos  de tentar um pouso no Rio
Tocantins, obrigando-os a pousar numa pista não homologada para o tipo de aeronave.
	Devido à falha do motor esquerdo na aproximação final, os pilotos foram obrigados  a retardar o
acionamento do trem de pouso, não tendo havido, assim, tempo suficiente para completar  o travamento do
sistema ante do toque.

4.	CONCLUSÃO

	Fatores que contribuíram para o acidente:
	Fator Humano      - O SER HUMANO SOB O PONTO DE VISTA BIOLÓGICO 
			    Não contribuiu.
	Fator Material/	  - AERONAVE E O COMPLEXO DA ENGENHARIA AERONÁUTICA
	Manutenção 	    Indeterminado.
	Fator Operacional - AÇÕES    DO   SER   HUMANO   NO  DESEMPENHO   DA  ATIVIDADE
			    AERONÁUTICA
			    Condições meteorológicas adversas.

5.	CONSEQUÊNCIAS

	Pessoais 	  - Não houve
	Materiais	  - A aeronave sofreu avarias graves.
	A terceiros       - Não houve.

6.	RECOMENDAÇÕES

	    O  PAMAER  deverá  envidar  todos   os  esforços  no  sentido  de   que  sejam   examinados 
    Detalhadamente os motores da aeronave, com  verificação das partes internas e testes de desempenho,
visando detectar  com exatidão os fatores determinantes  da falha do motor direito, bem como os que não
permitiram ao motor esquerdo manter a aeronave no nível esperado para vôo monomotor. Este estudo deverá
estender a todos os motores das aeronaves S-16, face a enorme freqüência de falhas graves ocorridas nos
últimos meses.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
    Em, 21/Ago/79.(data da finalização do relatório de investigação das causas do acidente ocorrido com
o Búfalo (S-16) – Avião da Força Aérea Brasileira (FAB).




JOSÉ DE MATTOS SOUZA – Ten Cel Av
      Chefe do CENIPA



				                                                APROVO:		


                                                                     Maj Brig do Ar – CLOVIS PAVAN
                                                                          Vice-Chefe do EMAER